quinta-feira, 16 de maio de 2013

III

Nesta região que compartimos, fora das horas
a anónima fundura das matérias naturais socava o nosso direito a merecer um nome.
Eu tampouco o consigno, mas não sou quem pensais.
Eu componho isto por encargo e orgulho, como os restos que vedes,
crendo protagonizar o Tempo por não perder-me na cidade.
Escrevo para ser, por praticar o requisito da presença
para render-me à realidade de que tenho um espaço que não é o de vós:
Eu desprendo sobre as poucas cousas que sei e que mirais
uma linguagem chã, aferrolho-as com uma fala que vos deve ser molesta
porque transmuda curvas em assombros e cores em palavras.

Álvarez Cáccamo, Celso Os distantes. A Corunha: Espiral Maior 1995 p. 37


Celso Álvarez Cáccamo (Vigo, 1958)

Sem comentários:

Enviar um comentário