e escrever
Ir
a uma bliblioteca pode ser uma aventura
pois muitos dos livros de Mongólia são livros que não som de Mongólia
e as próprias bibliotecas também não são de Mongólia
A gente fala estranho
como se aquela língua que têm dentro da sua boca
não fosse sua
ou a tivessem hipotecada
e ainda estivessem com a saliva a pagar letras mensais
como se as palavras não lhe foram próprias
Mas alugadas
ou estivessem registadas num gabinete de patentes estrangeiro
a nome duma academia irreal empenhada em ser real academia
São as de Mongólia muitas vezes palavras que não se reconhecem
nem reconhecem aos seus ouvintes
Não é
por isso
um país normal
Pois num país normal ninguém fala
com a língua rota cortada truncada sangrento
Em Mongólia existe escassez de língua
igual que noutros lados há escassez de água
Lugris, Igor Mongólia Compostela: Artefacto Editorial 2001 p. 14
Igor Lugris (Melide, 1971)
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