sábado, 18 de maio de 2013

VIII

nada

Transitei as horas do dia como um tonto
premeditando o gesto transcendente que me havia de salvar
mas as horas passavam
e eu percebia a sua inutilidade em cada cigarro

Ao menos na estação existem comboios
e das horas tediosas no cais
sempre se é uma vítima inocente

Transitei a culpa conscientemente, sem valor para suicídios
como uma véspera de nada, lembrando
o cheiro a linimento das tardes de domingo, tão inúteis também
como esses passatempos que inventam
para homens cansados de viver

Talvez ainda sem caminhos de ferro chegue um comboio
e eu sinta na pele a alegria da inocência...

Quiroga, Carlos Gong Ferrol: Fundaçom Artábria 1999 p. 41


Carlos Quiroga (Escairão, O Savinhao, 1961)

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